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A gota sai do esguicho da mangueira e voa lentamente pelo ar quente, até atingir cuidadosamente uma folha da árvore plantada no jardim.


Gota e folha aproveitam os breves momentos juntas, até que a gota caia na terra ou evapore para o céu.


E cada uma segue o seu caminho...

Uma se transformando dia a dia, outra tendo que esperar pelos solstícios e equinócios.



Mas quem poderá dizer que a folha não mudou o curso da gota e a gota não mudou a vida da folha?

Se você já conhece um pouco sobre minimalismo, com certeza já ouviu falar da dupla "The Minimalists" - sim, aqueles do documentário no Netflix.


Uma expressão muito difundida por eles, e que dizem ter sido um divisor de águas na vida do Ryan (se tiver interesse em ler toda a história, acesse aqui - em inglês), é a tal da Packing Party.



Resumindo a estratégia:


1. Finja que você vai mudar de casa

Coloque todas as suas coisas em caixas ou sacolas.

Você pode colocar tudo num cômodo só, ou deixar as caixas com as coisas no seu respectivo cômodo (ex: caixas com coisas do quarto no quarto, da cozinha na cozinha, etc).


Mas presta atenção: a ordem é empacotar todas as coisas, inclusive escova de dente, travesseiros, talheres, e até móveis (o que for possível né, claro!).


Dica: empacote as coisas de uma forma lógica, em que consiga encontrar as coisas que precisa facilmente. Rotule as caixas, escreva o conteúdo, separe por zonas... o que for melhor pra você.


2. Estipule um tempo para "se organizar após a mudança"

Pode ser 15 dias, um mês, 3 meses... você decide.

Esse é o tempo de teste para identificar quais coisas você realmente usa na sua rotina.


Dica: coloque um evento no seu calendário do celular para não esquecer do prazo.


3. Siga vivendo a sua vida normalmente

Ou seja, continue morando na sua casa! :P

O lance é que você vai continuar fazendo tudo o que sempre fez na sua rotina, mas só vai tirar das caixas as coisas que for precisando, conforme o tempo passa.


Exemplo: terminei de empacotar minhas coisas e estou com fome, agora preciso comer... Então tiro das caixas uma panela, um prato, um garfo e uma faca. Agora que comi, preciso lavar a louça: tiro das caixas o detergente, a esponja e o pano de secar louças. Em seguida vou dormir: tiro das caixas pasta e escova de dentes, o jogo de cama, meu travesseiro e uma coberta. E por aí vai.


4. Faça o destralhe final

Teoricamente, tudo o que sobrar nas caixas após terminar o prazo, não é essencial na sua rotina e pode ser removido da sua vida (reciclado, vendido, doado).

Na história do Ryan, ele destralhou todas as coisas que restaram dentro das caixas, mas você não precisa fazer isso. Vão existir coisas que você usa sazonalmente mas que não precisou dentro do prazo, por exemplo.


Digamos que você fez a packing party no verão e não tirou das caixas as roupas de inverno. Isso não é motivo suficiente para jogar tudo fora e no próximo inverno ter que comprar tudo novamente... Algumas coisas não sairão das caixas, mas isso não quer dizer que são inúteis ou não tenham valor na sua vida. Por isso a análise crítica do que sobrar é muito importante para não se arrepender depois.


Eu te aconselho a olhar o que sobrou e avaliar a real necessidade de cada objeto, para então decidir o que fazer com eles. Se você abriu uma das caixas e não lembrava de nada que estava ali dentro, por que trazer essas coisas de volta à sua vida? Grandes chances de eles não serem tão importantes assim.



A verdade é que...


De início parece meio contra produtivo colocar em caixas as coisas que você tem certeza que usa e vai precisar daqui a 15 minutos, concorda?


Mas segundo essa estratégia, há muitas coisas que estão presentes em nossa casa que mesmo sendo úteis, não são essenciais.

E ainda tem aquelas coisas que estão no mesmo lugar há tanto tempo, que a gente até esquece de se questionar se elas realmente precisam estar ali... Empacotar e deixar longe do alcance por algum tempo pode te trazer uma nova perspectiva sobre esses objetos.


Agora você me pergunta: eu preciso realmente fazer isso pra me tornar minimalista?


E a resposta é: não, não precisa! Essa estratégia funciona para um tipo específico de pessoa: aquela que é mais tudo-ou-nada, sabe? Que costuma abordar as coisas de uma forma mais extrema e quer ver resultados rápidos.


Na minha opinião, para a maioria das pessoas, a packing party não é ideal, porque gera um stress adicional desnecessário (e muita bagunça). Fora que todos os integrantes da casa precisam acatar a ideia, o que nem sempre é fácil.


Então, eu acredito que adotar a ideia do destralhe em 'rodadas' seja melhor administrável e mais vantajosa para a maioria das pessoas... Mas o conceito da packing party não poderia ficar de fora do NSM, né!


Enfim, se você gostou da ideia mas não tem disposição pra essa 'mudança total', que tal tentar adotá-la de uma forma mais sutil?

Você pode aplicar em pequenos setores da sua casa: em um cômodo, um armário, ou até mesmo em uma gaveta.

Você pode inclusive empacotar os itens similares (ex. todos os livros, ou todos os talheres) e seguir a mesma lógica. Então, é só ir retirando as coisas que for precisando, até finalizar o prazo. Acho que assim é mais suave :)


A principal lição que a packing party nos traz é que o fato de empacotar as coisas, ou "escondê-las" de vista por algum tempo, torna mais fácil identificar o que é útil e o que só está ocupando espaço na nossa casa.


Mas isso não é imprescindível para que você siga a trilha do minimalismo. Faça o que funciona pra você, sempre.

Atualizado: 2 de nov. de 2022

Bom, que eu sou adepta do minimalismo, você já entendeu :) E se eu puder te ajudar a trilhar o mesmo caminho, melhor ainda!


Porém, antes de qualquer coisa, você precisa entender os motivos que te levaram a buscar este estilo de vida. Porque se forem os motivos errados, provavelmente você irá desistir no meio do caminho ou se frustrar daqui a algum tempo.


Então, vamos listar alguns motivos que não te ajudarão a ser minimalista:


  • Eu gosto de preto/branco/cinza

Pode não parecer de início, mas o minimalismo não se resume a ambientes frios e vazios, com chão cinza e paredes brancas. É completamente possível ser minimalista e ter uma casa cheia de plantas ou um guarda-roupa colorido.


Atualmente, a estética minimalista é apelativa e muito agradável aos olhos, mas precisamos lembrar que grande parte disso são empresas tentando te convencer a comprar coisas novas apenas para sentir que pertence ao movimento.


  • Eu gosto da estética minimalista

Mais uma vez, pra você não esquecer: minimalismo é muito mais do que estética e design. Se você quer ser minimalista porque viu fotos maravilhosas no Pinterest/Instagram, vai estar perdendo a alma do negócio... e a parte mais legal :)


Minimalismo é consciência e análise crítica. E isso também se aplica à forma com que você percebe as propagandas e anúncios que chegam até você. A grande maioria dos ambientes minimalistas são montados e planejados nos detalhes, para te despertar o desejo de compra/posse - e quanto disso é minimalismo real?


  • Sinto que seria legal fazer parte deste grupo

Mesmo que nós tenhamos vontade de pertencer a algum grupo especial, se denominar minimalista é totalmente opcional: você não precisa fazer isso se não se sentir à vontade. No meu caso, apenas minha família próxima sabe que eu sigo este estilo de vida.


Sabemos que, toda vez que nos colocamos um 'rótulo', podemos ser interpretados de formas diferentes e até mesmo duras ("como você é minimalista, se está comprando tal coisa?"). Então, se você apenas quer 'fazer parte' do grupo minimalista, é legal revisitar esse desejo e se questionar se realmente vale a pena.


  • Quero seguir essa tendência

Sabemos que tudo o que existe hoje já foi novidade e tendência algum dia. Muito embora o estilo de vida minimalista exista há bastante tempo, principalmente fora do Brasil, agora está tendo mais visibilidade por aqui.


Porém, essa tendência também acabará. Só continuarão sendo 'minimalistas' aqueles que realmente entenderem o conceito e se identificarem com ele no longo prazo. E são essas pessoas que tirarão o melhor proveito desse estilo de vida.


  • Quero ter a casa vazia

Aqui rola um pequeno debate: por um lado, já sabemos que a casa vazia parece maior, torna o ambiente mais calmo, e é muito mais fácil de limpar e manter.


Porém, um tópico que muitos minimalistas esquecem de considerar, é a questão do custo/benefício de uma casa vazia. Se você jogou todos os seus móveis fora e agora não consegue curtir a sua casa e a sua vida, ou até mesmo realizar suas atividades diárias e hobbies, será mesmo que atingiu o minimalismo de uma forma saudável?


Sempre é importante avaliar o real valor de cada objeto na sua vida, e não apenas jogar tudo fora visando um ideal que pode não ser o melhor pra você - e o pior, não te trazer felicidade no final das contas.



A verdade é...


Seguir o estilo de vida minimalista é muito mais profundo do que simplesmente jogar coisas fora e seguir o modelo de design de interiores que a mídia mostra por aí.


Buscamos entender quem realmente somos e o que valorizamos, para então moldar nossas vidas conforme esses princípios.


E tudo o que não fizer parte disso, não merece nosso tempo e atenção.

Obrigada!

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